Incertezas na economia atrasam crescimento do Brasil. Armínio Fraga destaca três temas atuais da agenda econômica nacional: a insegurança no ambiente de negócios, a elevada carga tributária brasileira e poucos recursos para infraestrutura.
O Brasil logo, logo vai entrar em campo. E a contagem regressiva para improdutividade já começou. Será como no carnaval, só que por 30 dias. Ontem encontrei um redator de uma grande agência e a primeira coisa que me disse foi: ‘Caramba, tô trabalhando em dobro porque no mês que vem ninguém vai fazer nada. Esse país vai parar.’
Parar? Pensei comigo: Rá, acho que a Sabesp não vai parar de enviar as contas, muito menos a CPFL. Tarifas bancárias e cartões de crédito? Rá! Rá! Rá! Seremos nós, pequenos e médios empresários, que teremos que pagar essa conta. A conta do pão e circo.
E pior: as categorias de classe não estão nem um pouco preocupadas nos reflexos de tudo isso. No fim, como os holofotes do mundo estarão voltados para o evento, será a chance de todo mundo, ao mesmo tempo, reivindicar.
Quem será que vai gritar mais alto?
E eu odeio o futebol.
Quando criança, era pelo fato de não ter habilidade para a coisa, sendo sempre excluído dos times. E, depois que virei dono do meu próprio nariz, por perceber que seu enredo – dentro e fora de campo – representa muito esse nosso jeitinho brazuca de ser, enquanto sociedade, enquanto País.
Na malandragem, no samba e na ponta da chuteira, sempre damos um jeito para as coisas. Jeito que não damos.
Educação, por exemplo, demos um jeito sim. Um jeito de criar uma máquina de diplomas em instituições particulares. Jeito de reduzir os analfabetos para a ONU e criar um altíssimo índice de analfabetismo funcional – sabem ler, mas não consegue entender o que está escrito. Outro dia respondi a um post em uma rede social de um amigo, que reclamou sobre o fato da prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo não ter retirado um sofá do canteiro central de uma certa avenida. Comentei, na ocasião, que não sabia se o problema maior era do serviço público que não funciona ou da falta de educação de quem jogou o sofá lá. E jogar coisas em vias públicas não tem relação com classe social, afinal, a bituquinha não olha conta bancária.
Educação. Não existe nenhuma outra forma de mudarmos, se é que existe tempo ainda, este País. Por mais distante da realidade que pareça, precisamos iniciar uma nova Era da reconstrução e reeducação civil no Brasil. Urgente. E preparem-se para a tempestade que está se formando à frente. Essa Copa vai trazer muita coisa à tona e causar muito mais prejuízos do que lucros. Pode ter certeza.
Em 1962, Phil Knight estava na aula de gestão de pequenas empresas ministrada pelo professor Frank Shallenberger no MBA de Stanford quando ficou encantado com a possibilidade de se tornar empreendedor. “Naquela aula eu tive um momento de luz. Passei a querer ser um empreendedor” – disse.
Quando contou ao seu pai, ele riu. Knight repetiu que queria ser um empreendedor, seu pai continuou rindo. Só na terceira vez seu pai ficou sério e disse que estava desapontado. Não tinha investido tanto na educação do filho para ele se tornar um aventureiro. Knight quase chorou de raiva.
Mas continuou com a ideia de se tornar empreendedor e ficou ainda mais entusiasmado quando pensou criar um negócio no que mais gostava de fazer: correr. Por esta razão, seu plano de negócio na disciplina do professor Shallenberger tentava encontrar uma resposta para a questão: “Os tênis esportivos japoneses podem fazer o mesmo que as câmeras japonesas fizeram com as câmeras alemãs?”. Naquele momento, as fabricantes japonesas tinham invadido os Estados Unidos com câmeras baratas mas de boa qualidade, roubando a participação das marcas alemãs. Será que era possível bater a empresa alemã de tênis esportivos das três listras?
Depois de formado, se mandou para o Japão para validar seu plano de negócio. Voltou de lá com 200 pares de tênis de corrida que pagou US$ 3,33. Se fosse hoje, ele seria chamado de sacoleiro. Encheu o porta-malas com os tênis e parou na frente de um centro de treinamento de corrida em Portland (Oregon), sua cidade natal. Vendeu todos rapidamente por US$ 6,95. Diante do sucesso, se associou ao seu antigo técnico de corrida, Bill Bowerman para criar a Blue Ribbon Sports. Cada um entrou com 500 dólares de capital. Importaram mais tênis e já no primeiro ano, a empresa lucrou quatro mil dólares, quatro vezes o que tinham investido.
Para aumentar as vendas, contrataram Jeff Johnson, um vendedor em tempo integral que achou que o nome Blue Ribbon (faixa azul) estava muito associado a principal marca de tênis de corrida da época, a Adidas. Johnson sugeriu um nome curto, simples e que remetia a deusa grega da vitória, a Nike.
Décadas depois, Phil Knight voltou para Stanford para doar 105 milhões de dólares e construir uma nova escola de negócio, muito mais moderna e sustentável. Se estivesse vivo, quem estaria chorando neste momento poderia ser seu pai, de orgulho.
Para os que ainda querem empreender mas ainda não tiveram seus momentos de luz, vale refletir sobre famoso slogan da Nike: Just do it!
São Paulo - Estamos vivendo em comunidades há pelo menos 10 000 anos, quando o acesso a uma grande quantidade de alimentos levou os seres humanos a se juntar em assentamentos e não depender exclusivamente da caça, da pesca e da coleta. A agricultura incentivou o comércio e a cooperação entre as pessoas, criando o conceito de sociedade como conhecemos hoje. Ao longo dos tempos, a criação de ferramentas como o telefone, o avião, o satélite e a internet serviu para nos aproximar cada vez mais uns dos outros. Hoje, pessoas, empresas e cidades usam a tecnologia para alcançar uma cooperação global nunca antes possível.
Para os negócios, uma das profecias mais anunciadas desde a aurora da internet era que o acesso a uma grande rede de computadores — à qual milhões e milhões de consumidores estariam conectados — poderia abrir portas para o desenvolvimento das empresas, principalmente dos pequenos e médios negócios.
Em dezembro de 2001, quando a China aderiu à Organização Mundial do Comércio (OMC), abriu as portas de um mercado consumidor de mais de 1 bilhão de pessoas. Naquele ano, o Brasil exportava 1% da sua produção para a China. Hoje, exporta 20% para a nação chinesa, que é a principal parceira comercial do país. De acordo com projeção do Banco Mundial, a China pode passar os Estados Unidos e se tornar a maior economia do mundo em paridade de poder de compra ainda este ano.
A seguir os cinco passos para as empresas brasileiras que desejam fazer negócios na China:
Vá direto ao ponto
O 12º Plano Quinquenal da China, que define as diretrizes econômicas do país e contempla o período de 2011 a 2015, orienta a entrada de capital estrangeiro para a formação de centros de pesquisa e setores ligados a preservação do meio ambiente, energias renováveis e biotecnologia. Outros investimentos prioritários são nanotecnologia, tecnologia da informação e máquinas e equipamentos de tecnologia avançada para setores como transporte e infraestrutura.
Etiqueta
O cartão de visita deve ser entregue e recebido com as duas mãos. A informalidade de dar ou receber o cartão com uma mão pode fazer os chineses sentirem que não lhes foi dada a devida importância. É comum a troca de presentes durante uma visita ou reunião. Mas atenção: os chineses são muito supersticiosos. Assim, alguns tipos de presente devem ser evitados. Por exemplo, relógios, objetos pretos e brancos podem remeter a morte ou funerais.
Na hora de negociar
Na cultura empresarial chinesa, uma reunião só ocorre se houver do outro lado um empresário/executivo com cargo igual ou superior ao da pessoa de maior poder da delegação chinesa. Durante o processo de negociação, não interrompa uma apresentação, guarde seus comentários e perguntas para o final da explanação de seu parceiro chinês. O silêncio é muito usado em negociações. Para os chineses, o silêncio é um tempo para refletir, considerar, pensar e preparar uma resposta. Seja paciente.
Nunca diga não
Não espere ouvir essa palavra de um chinês. Se você escutar expressões do tipo “talvez depois”, “vamos discutir mais” ou “não será muito conveniente” vindas de um chinês, pode entender como um “não”. Da mesma forma, se você tiver que dizer “não” para um chinês, pense em uma outra maneira de dizê-lo, como por exemplo: “talvez em outro momento”.
Esteja preparado
O que os empresários chineses procuram mesmo é um parceiro bem informado, flexível e com produtos adaptados ao mercado internacional. Lembre-se: você tem de estar muito bem preparado antes de negociar com eles. Não adianta sentar-se à mesa de negociação e prometer algo para depois. Isso pode ser entendido como incompetência ou desinteresse.
A LENOVO é a fabricante que mais vende computadores em todo o mundo, de acordo com a consultoria IDC. No entanto, ela também está no mercado de smartphones topo de linha, com aparelhos como Vibe Z e o K900. A empresa entrou nesse mercado no Brasil ao comprar a CCE em 2013 e deve ganhar ainda mais força após a conclusão da compra da Motorola. O vice-presidente da Lenovo diz que os primeiros modelos de smartphones para o segmento prêmio da marca devem chegar ao mercado em outubro.
Mark Zuckerberg chega aos 30 anos com salário de US$ 1 e fortuna de US$ 27 bilhões
14 de maio de 2014
Mark Zuckerberg, não há como negar, é sim um dos principais empreendedores do mundo. Não há como negar. A despeito de toda a polêmica a respeito do surgimento do Facebook (de quem foi a ideia original, afinal?), Mark construiu em dez anos a principal rede social do planeta.
E isso tudo muito jovem. Hoje, o empreendedor completa 30 anos. E o Estadão PME, para celebrar essa data, separou cinco fatos-frases-conclusões a respeito da carreira (extraordinária) do empreendedor. Confira!
Escola
Mark Zuckerberg é um dos grandes empreendedores que deixou os estudos cedo para empreender. No caso do criador do Facebook, com apenas 20 anos, ele decidiu começar o negócio próprio.
Salário
Os vencimentos anuais do empresário chegam a US$ 1. Em 2012, ano em que o Facebook fez a sua oferta inicial de ações, ele recebia US$ 500 mil.
Ações
Mas esse ‘salário’ não significa nada. O criador da rede social mais importante do planeta tem uma fortuna estimada em US$ 27 bilhões – a maior parte em ações da empresa.
Frase
Quando o Facebook completou dez anos, Mark comemorou a data com um post…no Facebook. “Tem sido uma jornada maravilhosa até o momento, e eu sou muito grato de fazer parte disso. É raro conseguir impactar a vida de tantas pessoas”.
Parabéns
Coincidência ou não, recentemente, uma reportagem mostrou que o fundador do Facebook determinou que se um post contém a palavra parabéns, então, ele deve se tornar mais relevante. O que acontece quando o parabéns é para o dono do negócio. Leia mais sobre o assunto no LINK.
Ponto de equilíbrio. Será que isso é possível em uma empresa em que todo mês acontece algo novo? Desde que fundamos a fábrica e iniciamos a fabricação do primeiro produto, lá por meados de 2012, vivemos uma montanha russa de emoções diárias.
Rebemos todos os dias uma quantidade significativa de e-mails e mensagens de pessoas querendo representar, revender, ganhar, comprar, experimentar, seguir, amar e usar DE CABRÓN. Vivemos um mix de sentimentos de tensão e tesão, correndo rápido em nossas veias. E essa bipolaridade sentimental.
Como conseguimos prever o consumo daqui quatro meses? Qual o tamanho do estoque? Essa são perguntas para as quais estamos descobrindo as respostas com suor, e claro, muito otimismo. E o grande desafio tem sido equacionar a previsão de tudo: de plantio, de produção e vendas e de recompra. E não tem sido tarefa fácil, pois um erro pode custar muito, financeira e psicologicamente.
Essa curva de crescimento acentuada, por incrível que pareça, é o motivo que vem tirando o nosso sono. Sem dúvida alguma, conseguir espaço na vida do consumidor em um mundo hiper competitivo, no qual a grande indústria da comunicação cada vez mais busca facilitar o acesso às ferramentas de multiplicação de informações, com links patrocinados, palavras-chave, mídias sociais, e-mails marketing e dezenas de outros recursos é uma das tarefas mais difíceis. Quantos produtos você precisa prestar atenção para descobrir que ele está ali na prateleira do supermercado e você nunca notou? Muitos. Faça esse exercício e você verá que existem muitas marcas que passam desapercebidas.
Então, minha dica para quem pensa em empreender um novo negócio é: pense muito no conceito. Na forma que sua empresa irá entregar o serviço ou o produto. Porque, se esse discurso estiver bem alinhado, com certeza você vai perder seu sono pelo simples fato de não conseguir atender a demanda. Ainda que seja uma preocupação das grandes, é um prazer ser desafiado a conseguir sempre mais.
Veja quais são os “dez mandamentos do bom atendimento”.
1 – Empatia: Tratar as pessoas como você gostaria de ser tratado. O primeiro passo para isso é se colocar-se no lugar do cliente. Aplicar essa prática, muito difundida em gestão de pessoas, é fundamental para quem trabalha na linha de frente de atendimento, para quem está em contato direto com o cliente.
2 – Aperfeiçoamento constante: Para se tornar um excelente profissional, é necessário o aperfeiçoamento constante. Para galgar cargos maiores, como o de chefia, é sempre bom estar atualizado com o que há de mais novo em sua área. Mesmo quem não pretende assumir um cargo de chefia, por não se sentir apto, deverá buscar aperfeiçoamento. Aprimorar-se na função exercida só agrega valor ao profissional.
3 – Comprometimento: Ao ser contratado, você se comprometeu a cumprir tarefas, horários e condutas por um salário acordado. Há que se ter consciência do seu papel. O comprometimento é essencial e é um hábito benéfico a ser mantido.
4 – Inovação: Aprimorar-se sempre. Para se sobressair na execução das funções diárias, melhorar e até ir além é necessário inovar. Esse é um diferencial para qualquer profissional.
5 – Espírito de equipe: Para uma boa convivência no ambiente de trabalho, é essencial que o profissional tenha humildade para pedir ajuda diante de uma dificuldade e generosidade para oferecer ajuda a quem precisa.
6 – Ética: Nunca minta para o cliente. Se não souber resolver ou responder qualquer questão, é essencial falar a verdade e depois buscar a resposta.
7 – Conhecimento do produto: Desconhecimento sobre o produto com o qual se trabalha é um erro grave. Há que se ter conhecimento do produto até para vendê-lo bem.
8 – Apresentação pessoal: Uma boa apresentação conta muito na hora do atendimento. A higiene deve ser levada em conta no seu ambiente de trabalho e na vida pessoal. Trabalhando com alimentos isso se torna uma regra fundamental muito importante, mas vale também para outros setores.
9 – Postura profissional: A postura profissional vai desde a maneira de falar com o cliente e até o modo de ouvi-lo. Vale lembrar que toda comunicação é importante, inclusive a não-verbal, como gestos.
10 – Cordialidade: Para finalizar, e não menos importante, temos a cordialidade. Quando um garçom é gentil e simpático, o cliente tende a agir da mesma maneira. O resultado traz benefícios a todos: ao cliente, ao estabelecimento e ao profissional, deixando sua jornada de trabalho mais tranquila e prazerosa. O dia fica mais leve e trabalha-se melhor.
David King: "O tempo para duvidar da ciência já passou"
O representante do governo britânico para as mudanças climáticas diz que não faz sentido questionar os cientistas. E defende até a energia nuclear para reduzir as emissões
BRUNO CALIXTO E ALEXANDRE MANSUR
01/05/2014 07h00 - Atualizado em 01/05/2014 09h25
Sir David King é uma espécie de embaixador científico britânico. Diretor de pesquisas químicas na Universidade de Cambridge, já foi conselheiro-chefe de vários governos. Agora, sua missão é correr o mundo em nome do Ministério de Relações Exteriores britânico, angariando apoio para um acordo que reduza as emissões de poluentes responsáveis pelas mudanças climáticas. King visitou o Brasil na primeira semana do mês. Falou com o governo, ONGs e empresários sobre as recomendações dos últimos relatórios do painel científico do clima da ONU, o IPCC. Para evitar catástrofes climáticas que inundariam o Reino Unido, King defende até a energia nuclear e o gás de xisto.
ÉPOCA – São Paulo enfrenta a pior crise de água já registrada. Segundo os cientistas, isso não é um efeito do aquecimento global. A previsão é que as mudanças climáticas gerem verões mais chuvosos. Como lidar com isso? David King – Precisamos ter muito cuidado. Nunca devemos criar um caso quando ele não existe. Porque, senão, você fica vulnerável. É preciso dizer claramente que a seca não tem relação com as mudanças climáticas. O impacto é ruim por causa dos que tentam desacreditar a ciência do clima. Eles podem se aproveitar disso.
ÉPOCA – O IPCC acaba de publicar um novo relatório sobre mudanças climáticas. A mensagem é mais forte, mas a resposta da sociedade não. Por quê? King – Parte do problema é da própria mídia. Ela gosta de coisas novas, e mais um relatório não a impressiona. A notícia é tão séria que pode ser vista como a maior ameaça que a civilização já enfrentou. Mas temos uma crise econômica em muitos países, e sinto que a mensagem chegou no momento errado. Os cientistas fizeram um trabalho hercúleo. Comunicar esse desafio provavelmente vai além deles. No Reino Unido, desenvolvemos um centro independente do governo e da mídia, que apresenta material sobre todos os assuntos referentes à ciência. É comum que os cientistas trabalhem num nível difícil de entender para o público. É preciso comunicadores para fazer isso.
ÉPOCA – Na última edição do relatório do IPCC, de 2007, muitos estavam impressionados com o Furacão Katrina (de 2005). Grandes eventos climáticos podem aumentar a sensibilidade do público? King – Não há dúvida. Na Rússia houve uma mudança completa da opinião pública sobre mudanças climáticas. O presidente Vladimir Putin costumava dizer que talvez as mudanças climáticas fossem boas para o país. Mas eles tiveram ondas de calor muito severas. Houve mortes e danos materiais com derretimento do permafrost. Agora, perceberam que as mudanças climáticas desafiarão o modelo de vida atual. O presidente Putin anunciou que a Rússia reduzirá suas emissões em 27% até 2020, e as pesquisas de opinião mostram que os russos estão preocupados com as mudanças climáticas. Olhe para o impacto da tempestade Sandy (de 2012), em Nova York. Nunca antes um furacão chegou tão ao norte quanto Nova York, com tanta ferocidade. Tome o tufão Hayan (de 2013), nas Filipinas. Cada vez que há um evento extremo, soa um alarme. Mas há outro aspecto. As pessoas estão quase desistindo de esperar que a comunidade internacional responda à altura. Na reunião de Copenhague (parte da negociação internacional, em 2009), havia alto grau de expectativa de que seria aprovado um novo acordo internacional para reduzir as emissões. Isso não aconteceu. O público só voltará ao assunto quando vir que a comunidade política começa a tomar ações firmes. Em Lima, neste ano, será muito importante. A reunião em Paris, em 2015, é crítica. Não podemos ter um novo Copenhague.
ÉPOCA – O senhor foi nomeado representante especial de mudanças climáticas pelo Ministério de Relações Exteriores. Por que o Reino Unido está tão empenhado nisso? King – O risco das mudanças climáticas para as ilhas britânicas é muito severo. Somos um Estado insular. Fizemos um relatório em 2004 com cientistas, economistas e pesquisadores. Esse relatório mostra que, num cenário de manutenção das emissões atuais, não seremos capazes de defender nossa costa no final do século. Cidades como Londres estão ameaçadas por enchentes, tempestades e pela elevação do mar. No último inverno no Reino Unido, sofremos as piores enchentes de nossa história. Felizmente, como isso já fora relatado em 2004, preparamos nossas defesas. Mas nos próximos anos, se o clima continuar a mudar no ritmo atual, não poderemos evitar o pior. Por isso, precisamos nos mobilizar para que, de alguma forma, a gente consiga um acordo global. É por isso que o governo britânico foi o primeiro a se comprometer com um tratado para 2015. Reduziremos 80% das emissões até 2015. Transformamos isso em lei. É claro que eu reconheço que todos os países estão ameaçados, de uma forma ou de outra. É por isso que não podemos desistir.
ÉPOCA – Alguns críticos afirmam que a espécie humana já enfrentou mudanças climáticas e tempos mais quentes. E conseguiu se adaptar. Por que seria diferente agora? King – O que você acabou de dizer não é científico. Milhares de cientistas especializados em clima conhecem bem o paleoclima (o clima da Pré-História). Agora, temos níveis maiores de gases de efeito estufa na atmosfera que nos últimos milhões de anos. Não é uma questão sobre se a Europa estava mais quente na Idade Média, sobre se a Groenlândia já foi verde. Cerca de 99% dos cientistas dizem que estamos 95% certos de que o aquecimento das últimas décadas é resultado do comportamento humano, causado pela queima de combustíveis fósseis e derrubada de florestas. Precisamos ser inteligentes sobre isso. É hora de analisar os riscos e avaliar o que fazer para reduzir os danos. O tempo para duvidar da ciência já passou.
ÉPOCA – Como a exploração do gás de xisto dos Estados Unidos se encaixa neste mundo que precisa diminuir a dependência do carbono, principal causador das mudanças climáticas? King – O gás de xisto é transitório. Sua queima emite menos gás carbônico que o carvão. Isso é importante para os EUA cumprirem a meta de redução de 17%, comparando os níveis de 2005 e 2020. Mas o gás de xisto não é solução a longo prazo. Nem para todos os países, que não têm as reservas americanas.
"Londres está ameaçada por enchentes, tempestades e elevação do mar"
ÉPOCA – O Brasil tem uma geração elétrica limpa graças à energia hidrelétrica. Novas usinas enfrentam resistências por problemas sociais e desmatamento. Como optar? King – Não sou a pessoa certa para dizer como o Brasil deve lidar com seus desafios sociais, mas trarei um argumento geral. Os brasileiros conseguiram diminuir o desmatamento em 80% desde 2004. Em termos de gás carbônico por pessoa, é uma queda de 16 toneladas por pessoa para 6,5. Desejaria que os brasileiros estivessem orgulhosos desse esforço e se colocassem nas negociações internacionais como exemplo para outras nações. Ainda há um longo caminho a percorrer. A taxa de desmatamento atual, de mais de 7.000 quilômetros quadrados por ano, é muito grande. Mas o Brasil construiu um sistema de observação de florestas por satélite que deveria ser usado em todo o mundo. Tenho muito respeito pelo que o Brasil fez. Claro que há muitas questões sociais. Mas nenhum país quererá deixar para seus netos os piores impactos das mudanças climáticas. Se isso é tratado como prioridade, merece aplausos.
ÉPOCA – Qual o papel da energia nuclear para gerar energia sem emitir gás carbônico? King – A resposta sobre se devemos usar energia nuclear depende de onde você está no mundo. Refiro-me a questões políticas e geológicas. Você não deve usar energia nuclear num local com alto grau de atividade sísmica. Essa é a questão geológica. A política: duvido que encorajaremos o Irã a construir usinas nucleares. Venho defendendo novas usinas nucleares desde 2002 e, no próximo ano, começaremos a construir duas na Grã-Bretanha. Acredito que estamos no começo de um renascimento da energia nuclear no Reino Unido.
ÉPOCA – Mesmo depois de Fukushima? King – Sim. Avaliamos o que aconteceu em Fukushima e não acreditamos que haja risco equivalente no Reino Unido. A opinião pública também mudou. Imediatamente após Fukushima, o apoio às nucleares caiu de 60% para 30%. Hoje, está ainda maior, cerca de 65%. O debate foi feito na imprensa. Temos regulações bem severas e estamos convencidos de que será seguro. Sabe quantas pessoas morreram por exposição à radiação em Fukushima? Zero. Sabe quantas pessoas morreram na indústria do carvão, apenas nesta semana? Cerca de 100. A fonte de energia mais segura criada pelo homem, em termos de fatalidades por kilowatt gerado, é a energia nuclear. Mesmo considerando Fukushima e os outros dois grandes acidentes nucleares em Chernobyl e Three Mile Island.
São Paulo - Professor de direito da Universidade Harvard, Douglas Stone é um dos autores do recém-lançado Thanks for the Feedback: the Science and Art of Receiving Feedback Well (Obrigado pelo Feedback: a Ciência e a Arte de Receber Bem um Feedback), com publicação prevista no Brasil para este ano pela Portfolio-Penguin.
Especialista em negociação diz que as chefias devem transformar as avaliações de desempenho em oportunidades de crescimento, não em fontes de tensão
A internet também chegou aos animais. Bichos estão cada vez mais conectados na esfera virtual e acompanham o cotidiano dos donos. Além dos fins recreativos, as redes sociais são usadas para encontrar animais, divulgar campanhas e feiras de adoção, fazer denúncias e, claro, encontrar o “grande amor”. E não são só cães e gatos que estão conectados. Coelhos, tartarugas, hamsters e até mesmo peixinhos podem ter um perfil na internet.