Responsabilidade Social Empresarial
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INTRODUÇÃO
As empresas estão inseridas em
um ambiente de incertezas e de muitas pressões das partes interessadas que
exigem cada vez mais um desempenho global que promova a eficiência, eficácia,
efetividade e economicidade, que tenham suas operações “limpas” e ações
transparentes e socialmente responsáveis. Neste contexto, nos últimos 40
anos foram desenvolvidas inúmeras técnicas gerenciais direcionadas às
organizações a buscarem garantir sua sobrevivência no mercado e maximizar os
seus resultados financeiros. Porém, como gerar competitividade vem dia após dia
tornando-se um desafio central para as empresas.
Na busca da garantia de espaço no
mercado globalizado, na potencialização do seu desenvolvimento, as empresas inteligentes, incansáveis na redefinição de seus valores como
forma de adequá-los às necessidades mercadológicas vigentes, desenvolvem um
novo comportamento voltado para o seu estabelecimento no mundo competitivo: Responsabilidade Social de
Empresas (RSE), esta é a nova forma de “como fazer” adotada pelas empresas modernas.
Essa tendência decorre da maior
conscientização do consumidor e conseqüente procura de produtos e práticas que
gerem melhoria para o meio ambiente ou comunidade, valorizando aspectos ligados
à cidadania. Além disso, essas profundas transformações mostram-nos que o
crescimento econômico só será possível se estiver alicerçado em bases sólidas.
Deve haver um desenvolvimento de estratégias empresariais competitivas por meio
de soluções socialmente corretas, ambientalmente sustentáveis e economicamente
viáveis. Diante do exposto cabe nos responder: o que vem a ser Responsabilidade
Social de Empresas?
2 RESPONSABILIDADE
SOCIAL DE EMPRESAS
Responsabilidade Social de Empresas é
uma das temáticas mais faladas atualmente. Mas o que é esse conceito? O que ele
engloba? O que influenciou o seu surgimento?
Corrêa et al (2004) cita que o despertar da responsabilidade
social das empresas não tem um histórico cronologicamente definido. Há na
verdade, uma evolução da postura das organizações em face da questão social,
provocada por uma série de acontecimentos sócio-políticos determinantes e,
também, por aqueles que foram conseqüência da inovação tecnológica.
Para Torres (2003), a realização de
ações de caráter social não é uma prática tão recente no meio empresarial.
Porém, somente no final dos anos 60 e início da década de 70, tanto nos Estados
Unidos da América (EUA), quanto em parte da Europa, que uma atuação voltada
para o social ganhou destaque, basicamente como respostas às novas
reivindicações de alguns setores da sociedade que levaram para o universo das
empresas diversas demandas por transformação na atuação corporativa tradicional
voltada estritamente para o econômico.
No Brasil, os indícios de que
uma mudança de mentalidade empresarial estava acontecendo, são percebidos desde
meados da década de 60, quando novas idéias começam a serem discutidas e é
criada a Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), sendo publicada
a “Carta de Princípios do Dirigente Cristão de Empresas”, em 1965. A difusão
dessas idéias, no entanto, tomou impulso a partir da segunda metade dos anos
70, quando mereceram destaque como ponto central do 2° Encontro Nacional de
Dirigentes de Empresas. Um dos princípios da ADCE Brasil baseava-se na
aceitação por seus membros de que as empresas além de produzir bens e serviços,
devem possuir função social que se realiza em nome dos trabalhadores e do
bem-estar da comunidade em geral.
A consciência de responsabilidade
social do empresariado brasileiro teve certas instituições como protagonistas
desta história e como catalisadores importantes e diretamente responsáveis pelo
despertar desta consciência. A pioneira dessas instituições foi o Grupo de
Instituições, Fundações e Empresas (GIFE), surgido em 1989, mas somente
institucionalizada e formalizada em 1995. (CORRÊA et al,
2004).
O conceito de RSE às vezes está
associado à prática filantrópica, pois é muito comum ver empresários e empresas
divulgando nos meios de comunicação a participação ou o apoio a projetos
sociais, através de doações. No entanto, a questão da responsabilidade social
abrange muito mais do que simples doações financeiras ou materiais. De acordo
com Silva (2001), “filantropia significa amizade do homem para com o outro
homem”. Significa ajuda e possui um caráter assistencialista. Trata-se de uma
ação externa à empresa, tendo como benefício à comunidade, tornando-se um
paliativo para uma grave conjuntura social.
Para Grajew (1999), RSE trata-se da
relação ética em todas suas ações, políticas, e práticas, sejam elas com o seu
público interno ou externo.
Para Oliveira (2005), não existe uma
lista rígida de ações que uma empresa deve fazer para ser socialmente
responsável, ou seja, não existe uma definição consensual. Responsabilidade
social envolve uma gestão empresarial mais transparente e ética e a inserção de
preocupações sociais e ambientais nas decisões e resultados das
empresas.
Responsabilidade social -
relacionamento ético e transparente da organização com todas as partes
interessadas, visando ao desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando
recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a
diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais (FPNQ, 2005).
Cherques (2003) enfatiza que as
empresas estão sendo chamadas à responsabilidade porque, havendo se equivocado
sistematicamente sobre o futuro da economia e da sociedade, vêem-se na
contingência de reavaliar o peso dos efeitos das suas atividades e corrigir a
sua conduta.
Dentre as atitudes possíveis para
enfrentar esse desafio, a mais sábia parece ser a de sacudir a letargia e
tentar dar conta do que está evidentemente errado. Trata-se de buscar uma nova
identidade para as empresas. Uma identidade que integre a responsabilidade
social às áreas estratégica, logística, operacional, financeira e comercial.
(CHERQUES, 2003).
De acordo com Melo Neto e Froes
(2001, p.78), a Responsabilidade Social das Empresas consiste na sua “decisão
de participar mais diretamente das ações comunitárias na região em que está
presente e minorar possíveis danos ambientais decorrente do tipo de atividade
que exerce”.
Para Ashley (2003, p.56) a
responsabilidade social empresarial pode ser definido como:
O compromisso que uma organização
deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atos e atitudes que afetem
positivamente, de modo amplo, ou a alguma comunidade, de modo específico,
agindo proativamente e coerentemente no que tange a seu papel específico na
sociedade e na prestação de contas para com ela.
O termo Responsabilidade Social
implica em uma forma das empresas conduzirem seus negócios “de tal maneira que as tornem parceiras e
co-responsáveis pelo desenvolvimento social” (Instituto
Ethos, 2002). A empresa socialmente responsável é aquela que possui a
capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes envolvidas no negócio (stakeholders): acionistas, funcionários, fornecedores,
consumidores, comunidade, governo e meio ambiente, de forma a conseguir
incorporá-los no planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas
de todos.
De acordo com Silva (2001),
responsabilidade social empresarial é o comprometimento permanente dos
empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o
desenvolvimento econômico, melhorando simultaneamente, a qualidade de vida de
seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um
todo.
Para Cherques (2003), do ponto de
vista ético, não há limite de responsabilidade para os danos sociais que uma
empresa possa causar. A idéia de limite de responsabilidade vem do direito
civil e do comercial. Os proprietários de empresas de responsabilidade limitada
só respondem pelo seu patrimônio social. Mas esta é uma figura econômica e
jurídica. Moralmente não há limite para a nossa responsabilidade. O que existe
é a não-responsabilização sob determinadas condições. A responsabilidade social
das empresas compreende o conjunto de deveres morais que as empresas, na pessoa
dos que as dirigem, têm para com a sociedade. Esses deveres são de caráter
preventivo, por exemplo, quando a empresa se esforça por não deteriorar o meio
ambiente, e de caráter reparador, quando, por exemplo, a empresa restaura o
meio ambiente depois de um vazamento de efluentes.
3 CONSIDERAÇÕES
FINAIS
As empresas descobriram que uma das
formas de se tornarem competitivas está associado a fazer o bem, e aí devemos
esquecer o conceito ultrapassado de filantropia e passarmos a visualizar o bem desenvolvido pelas empresas de forma abrangente,
relacionado o compromisso com o ambiente que está inserido e o desenvolvimento
da satisfação das partes interessadas.
Pelo apresentado podemos considerar
que a Responsabilidade Social de Empresas é uma forma de gestão estratégica que
vai muito além da obrigatoriedade legal e do marketing social, é na verdade o
comprometimento permanente da empresa, em adotar um comportamento ético e
contribuir para o desenvolvimento global da sociedade.
ABSTRACT
This article
has for objective to understand the definition of corporate social responsibility.
It shows the main definitions, the origin, and the importance of corporate
social responsibility in the business strategic management.
Keywords:
Social responsibility. Corporate social responsibility. Companies
REFERÊNCIAS
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Mestre em Administração (FGV/RJ).
Especialista em Engenharia da Qualidade. Químico Industrial. Professor de
graduação e pós-graduação. Auditor ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001. Consultor
em Gestão da Qualidade.