
Decisão de
Ano-Novo
FOLHA DE SÃO PAULO
Um
estudo efetuado pelo G20 há alguns anos, sobre as últimas décadas do século
passado, comparou países que saíram de um patamar de renda baixa e deram um
salto na sua capacidade de produzir e distribuir riqueza (como a Coreia do Sul
e Cingapura) com países que ofereciam condições similares no início do período,
mas que não conseguiram progresso significativo no mesmo intervalo.
A conclusão mais importante do
estudo foi a de que o segredo do crescimento está relacionado à capacidade de
definir os problemas mais relevantes para o aumento da produção e geração de
riqueza e atacá-los decisivamente, de maneira focada e objetiva. Já os países de renda baixa, que são incapazes de
definir os problemas mais importantes, ou tentam resolver a maior parte deles
ao mesmo tempo não conseguem mudar significativamente sua capacidade de
aumentar o padrão de vida da população.
Essas
evidências aparecem com clareza na história. No Brasil do início dos anos 1990,
os maiores problemas nacionais eram hiperinflação em primeiro, segundo e
terceiro lugar. Ela foi enfrentada e controlada, abrindo caminho para atacar
outros problemas. Foi então a vez da questão fiscal, enfrentada a partir da Lei
de Responsabilidade Fiscal (2000), consolidada em 2003.
Naquele
ano, as prioridades estabelecidas foram a estabilização da inflação no centro
da meta, a queda do endividamento público e a geração de saldos comerciais via
crescimento das exportações, suficientes para corrigir os desequilíbrios e
acumular reservas.
Hoje no Brasil as prioridades são a questão fiscal e a volta da inflação
ao centro da meta, além do combate à infraestrutura defasada e à baixa
produtividade. Há ainda longa lista de problemas a enfrentar, e é importante
que sejam endereçados, mas é fundamental que as questões básicas sejam
enfrentadas de maneira prioritária, focada e integral.
Só
assim o país dará o próximo salto e poderá resolver os problemas seguintes da
lista, como ambiente de negócios ruim, baixa taxa de poupança, burocracia e
tantos outros.
E
essa mesma lição pode ser aplicada à vida pessoal.
Por
isso, é importante aproveitar este raro momento do ano em que todos nós
dedicamo-nos a pensar em nossas prioridades.
Neste
Ano-Novo, cada um deve definir suas questões pessoais mais importantes. Para
uns pode ser uma mudança profissional, para outros, passar no vestibular, para
outros ainda, um problema em suas relações familiares ou afetivas.
Uma vez definida a prioridade, será o momento de atacá-la e resolvê-la
com força máxima. Depois, passamos ao foco seguinte.
Feliz
Ano-Novo a todos.
HENRIQUE
MEIRELLES - foi presidente do Banco Central do Brasil de 2003 a 2010 e, antes disso, presidente global do FleetBoston e do BankBoston.
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